Saúde Mental: Porque é importante as empresas falarem sobre isto

Janeiro Branco é o nome do mês de conscientização da saúde mental e emocional. Criada em 2014 pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão, a Campanha Janeiro Branco surgiu como uma resposta à necessidade de promover reflexões sobre a vida, relações, objetivos e passados, especialmente no início do ano. Janeiro é considerado um período de transição entre ciclos que se fecham e se abrem, tornando-o simbolicamente propício para projeções, escritas e desenhos sobre expectativas e desejos. A cor branca foi escolhida por representar simbolicamente “folhas ou telas em branco”, sobre as quais pode-se projetar, escrever ou desenhar expectativas, desejos, histórias ou mudanças com as quais o indivíduo sonha e pode concretizar. 

Na entrevista abaixo, a psicóloga Leila Klin, diretora de Saúde da ACIST-SL e diretora da  Gewandt Psicologia Organizacional, conversa com Josivani Mendes, também psicóloga, vice-coordenadora do Núcleo de Empreendedoras da ACIST-SL. Diretora da Dedicar-se Saúde Emocional, Josivani idealizou um circuito de palestras com o propósito de falar mais sobre o tema. 

Esta entrevista é uma das atividades que a Diretoria de Saúde, vinculada à Vice-presidência de Serviços da ACIST-SL, fará ao longo de 2024 com foco na Saúde do Trabalho. 

Leila Klin – Por que as empresas precisam se preocupar com a promoção da saúde mental dos seus empregados?

Josivani Mendes – Na minha opinião, os dados são assustadores e esse por si só já é um bom motivo para cuidarmos da saúde de todos ao nosso redor. Levando em consideração que passamos um bom tempo do nosso dia no trabalho, esse não deve ser um ambiente que pode ficar esquecido. Hoje, o Brasil é o país com o maior número de casos de ansiedade no mundo. Estamos entre os cinco países com maior índice de casos de depressão. Em 2023, foi registrado um aumento de 28,3% nos casos de suicídio. Os dados fazem parte do último mapeamento feito pela OMS (Organização Mundial da Saúde). 

Importante destacar a diferença entre Saúde Mental e Doença Mental. A saúde mental implica muito mais que a ausência de doenças mentais. Estar mentalmente saudável, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),  é o estado de bem-estar no qual uma pessoa consegue desempenhar suas habilidades, lidar com as inquietudes da vida, é capaz de trabalhar de forma produtiva e contribuir para a sua comunidade. Um indivíduo mentalmente saudável compreende que a vida real é regada de diversas emoções, como por exemplo: alegria, amor, satisfação, tristeza, raiva e frustração.

 

Leila Klin – Quais os benefícios que as empresas podem perceber ao investir em ações de saúde mental?

Josivani Mendes – Os benefícios podem ser vários, além da contribuição para que possamos impactar positivamente na redução desses números citados acima. Apresento alguns desses benefícios que são possíveis de serem observados:

– Aumento da produtividade: empresas que trabalham com ações ligadas a saúde mental apresentam colaboradores que demonstram maior engajamento e produtividade

– Melhoria do clima organizacional:  um ambiente saudável e inclusivo pode melhorar a satisfação e o bem-estar dos colaboradores resultando em um clima positivo

– Diminuição do absenteísmo: pessoas que gerenciam melhor suas emoções possuem uma tendência menor a apresentar faltas no trabalho devido a problemas de saúde mental e/ou emocional

– Redução do turnover: colaboradores que se sentem mais valorizados e apoiados emocionalmente são menos propensos a buscar outras empresas com ambiente melhor de trabalho.

– Melhor saúde mental x melhor qualidade de vida: com programas de gestão emocional, você contribui para índices de ambientes laborais mais saudáveis além de conquistar uma cultura organizacional de apoio e acolhimento

 

Leila Klin – Como as lideranças podem identificar problemas de ordem emocional entre os trabalhadores?

Josivani Mendes – Alguns sinais podem ser evidenciados em pessoas que já apresentam algum sintoma, como mudança no rendimento, falta de atenção, irritabilidade, desesperança, mudança no comportamento habitual e dificuldades em alguns relacionamentos, podendo em algumas situações apresentar distanciamento ou conflitos diretos.

Em um cenário corporativo ideal, as empresas que possuem maior proximidade com os colaboradores podem, por meio de uma comunicação eficiente, perceber sinais de alerta nas pessoas que podem estar mais propensas ao adoecimento psíquico, antes mesmo de desenvolver algum transtorno psicológico.

Leila Klin – Uma vez identificado, qual é a melhor abordagem?

Josivani Mendes – Acolhimento, encaminhamento se necessário e orientação adequada. Acredito que esses pilares fazem a diferença no cenário da empresa além de colaborar para um ambiente empático e saudável.

Leila Klin – Como as empresas podem atuar na prevenção do adoecimento psíquico?

Josivani Mendes – Acredito que as empresas que se ocupam em incentivar cuidados básicos e essenciais sobre a saúde e qualidade de vida dos seus colaboradores, já saem na frente de outras. 

As empresas que ainda pouco investem em conteúdos de disseminação do conhecimento sobre saúde mental, podem ficar ainda com a sensação de apagar incêndio. Por esse motivo, as ações precisam ser preventivas. As iniciativas de conscientização e desmistificação da saúde mental podem ser o primeiro passo, além de uma postura de atenção e cuidado com a saúde do colaborador.

Atividades que promovam a comunicação aberta e educação emocional podem se desenvolver em projetos pontuais que ocorram periodicamente. Apoiar campanhas como o Janeiro Branco pode também ser uma boa ideia, desde que essa não seja apenas para cumprir um protocolo social, pois os cuidados em saúde emocional e mental devem ser de Janeiro a Janeiro.

 

Elizabeth Renz
Assessoria de Imprensa ACIST-SL
PUBLICADO EM: 26 de janeiro de 2024