Quando tudo passar a agenda será só uma: reformas, reformas

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Aod Cunha falou virtualmente no Tá na Mesa desta quarta (13) sobre os efeitos da crise da COVID-19

Economista Aod Cunha durante o Tá na Mesa desta quarta-feira (13). FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK

O ex-secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul (2007-2009), Aod Cunha, comparou dois cenários que marcam a economia global: Crise econômica de 2008 e Pandemia de coronavírus. Aod possui reconhecida experiência de mercado e já lidou com situações “espinhosas”, tal como as finanças do RS. A mediação do painel foi da presidente Simone Leite e do vice-presidente, o economista Fernando Marchet.

O economista ilustrou que na crise de 12 anos atrás, a economia global estava forte ”tínhamos uma China crescendo 12% ao ano, EUA com 4% e Europa na casa de 2,5%. O crédito era farto. Na época havia “gordura”. O cenário agora é outro: crédito escasso, dívida pública alta e queda de crescimento, no caso da China e EUA, na casa de 50%”, disse.

Aod cobrou que o Poder Público continue no controle dos gastos e que “não se perca a mão” na política fiscal do País. Os números projetados pelo ex-secretário são preocupantes, principalmente se forem confirmados. Atrelados a cenários de prorrogação do Auxilio Emergencial e outras ferramentas de ajuda às empresas e demais integrantes da economia brasileira, as cifras são assustadoras.  A perspectiva, antes da pandemia, era que o Brasil fechasse 2020 com um déficit primário na casa de R$ 115 bilhões. Com a chegada da crise sanitária o número alcançou a casa de R$ 720 bi e uma prorrogação e um novo plano se salvação da economia pode levar o Brasil a enfrentar uma cifra monstruosa de R$ 1.3 trilhão, até dezembro.

“Tudo precisa ser pago. Nada é grátis. E as formas de quitação podem ser a adoção de juros mais altos e aumento de tributação [já altíssima]. A consequência disso é a demora da geração de emprego e renda, e que acabam por contribuir ainda mais para a depressão econômica”, disse Aod.

Economia pós-coronavírus

No caso do Brasil, Aod Cunha defendeu a agenda de reformas e de alternativas que façam o País ser atrativo economicamente. Segundo ele a retomada está diretamente ligada a uma profunda revisão do regramento tributário, por meio de simplificação, abertura comercial, ampliação dos programas de concessões e privatizações, modernização de regras comerciais e aumento da eficiência do Setor Público. “É necessário que reformemos nossa legislação que abarca a situação do servidor público. Quem trabalha no setor privado está recebendo -50% de salário. Eles já possuem a estabilidade”, disse.

Simone Leite cobrou e apoiou uma ampla reforma administrativa, “que vise a redução de benefícios para o setor público e que promovem, ainda mais, a desigualdade social”, disse.

No âmbito global, ele acredita numa modificação profunda da geopolítica, com impactos duros contra a China, aumento do protecionismo econômico, revisão das cadeias globais, ente outras coisas.

O retorno à normalidade, na visão de Aod, só acontecerá quando a segurança for coletiva. E afirmou que” essa crise vai passar e, ao final, um ciclo como esse vai acabar por proporcionar uma economia mais forte”.