Ministro das Finanças da Grécia anuncia renúncia do cargo

O desligamento acontece apesar da vitória do “não” em consulta popular sobre acordo com credores. Antes do referendo de domingo, Varoufakis havia ameaçado renunciar se o resultado do referendo deste domingo (5) fosse favorável à proposta dos credores.
Segundo a agência de notícias Reuters, Varoufakis disse “estar ciente” de que alguns membros da zona do euro não consideravam sua presença bem-vinda em encontros de ministros das Finanças (o Eurogrupo).
“Pouco após anunciar os resultados do referendo foi comunicado que havia certas preferências de alguns participantes do Eurogrupo que seria melhor que estivesse ausente destas reuniões, uma ideia que o primeiro-ministro considerou potencialmente útil”, disse Varoufakis por meio de seu blog, para acrescentar que por essa razão deixa hoje o Ministério das Finanças.
Varoufakis foi a figura mais controvertida no exterior. Nas reuniões do Eurogrupo, muitos ministros se queixavam – mais ou menos abertamente – que era difícil colaborar com o titular grego.
Isso levou o primeiro-ministro Alexis Tsipras a reduzir o papel de Varoufakis nas negociações em Bruxelas e deixar, de fato, o comando das conversas com o vice-ministro de Relações Internacionais Econômicas, Euclidis Tsakalotos, o mais cotado a assumir o cargo.
“Considero que é meu dever ajudar Alexis Tsipras a explorar, na medida que considere acertado, o capital que o povo grego nos garantiu ontem no referendo”, acrescentou. “Nós na esquerda sabemos como atuar coletivamente sem pôr o interesse nos privilégios do cargo. Respaldarei plenamente o primeiro-ministro Tsipras, o novo ministro das Finanças e nosso governo”, disse o comunicado.

Novas reuniões
Após a vitória do “Não”, a Comissão Europeia anunciou que respeitava o resultado do referendo na Grécia e indicou que seu presidente, Jean-Claude Juncker, consultará na segunda-feira altos dirigentes de instituições europeias.
Juncker terá uma teleconferência com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk; com o dirigente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e com o diretor do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, segundo informou a Comissão, em um comunicado.
Ainda nesta segunda-feira, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês François Hollande se encontrarão no Palácio do Eliseu, na França.
Já nesta terça, haverá uma reunião presencial da zona do euro, em Bruxelas, convocada por Donald Tusk, “para discutir a situação após o referendo na Grécia”. Reação do premiê
O primeiro-ministro da Grécia agradeceu Yanis Varoufakis por seu “incansável esforço” para defender os interesses da Grécia nas negociações com os parceiros do país, informou o porta-voz do Executivo, Gavriil Sakellaridis.
“O primeiro-ministro sente a necessidade de agradecer [a Varoufakis] por seu incansável esforço para defender a posição e os interesses do governo e do povo grego em condições muito difíceis”, assegurou o porta-voz.
Além disso, reconheceu em Varoufakis o “papel líder” que representou nas negociações com os credores desde que o partido esquerdista Syriza ganhou as eleições gerais do dia 25 de janeiro.
‘Não’ vence em referendo
Com 100% dos votos apurados, o “não” ficou com 61,31% dos votos. As medidas exigidas pelos parceiros europeus incluíam aumento de impostos e cortes nas aposentadorias.
“O referendo de hoje não teve ganhadores nem vencedores. É uma grande vitória em si mesma”, disse o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, após a confirmação do resultado. “Mesmo nas circunstâncias mais difíceis, a democracia não pode sofrer chantagem”, afirmou, falando indiretamente sobre as condições impostas pelos europeus.
“Quero agradecer cada um e todos vocês. Independentemente de como tenham votado, hoje nós somos um”, disse Tsipras. “O mandato que vocês me deram não pede uma ruptura com a Europa, mas me dá mais força para negociar (…) Os gregos fizeram uma escolha corajosa. Sua resposta vai alterar o diálogo existente com a Europa”.
Segundo o primeiro-ministro, a prioridade imediata é restabelecer o sistema bancário – cujas agências estão fechadas há uma semana por falta de liquidez – e a estabilidade econômica do país. Ele também afirmou que irá pedir uma reunião de líderes políticos para a manhã de segunda-feira, além de reiniciar as negociações para tentar chegar a um acordo com os credores internacionais e destacou que a prioridade é a reabertura dos bancos.

Fonte:  G1 Economia

 

PUBLICADO EM: 19 de agosto de 2015