Federasul ouve representantes de zonas “mais críticas” da COVID-19, no RS

As regiões da Produção (Passo Fundo) e Alto Uruguai (Erechim) foram algumas das localidades que apresentaram dados atualizados no encontro

A Reunião Regional da Federasul, que ouviu as localidades Produção, Norte, Médio Alto Uruguai, Jacuí-Botucaraí, contou com a presença de prefeitos, secretários municipais, presidentes de Entidades filiadas à Federasul e empresários. Assim como foi debatido na primeira edição da Reunião Regional, na última quarta-feira (29/4), as economias locais continuam se unindo em prol de não ruir com o comércio e atividades diversas, com a criação de programas que estimulem o consumo na cidade, dos pequenos comércios e a união solidária do setor privado, com a aquisição e montagem de leitos de UTI, caso precise ser utilizado.

A reunião virtual foi aberta pela presidente da Federasul, Simone Leite. Ela lembrou que quarentena, segundo o dicionário da língua portuguesa, significa período de 40 dias e disse que já ultrapassamos essa marca, e desde então, comércios, indústrias e milhares de CNPJs se “esfarelam” e estão levando o Rio Grande do Sul a depressão mais grave em sua arrecadação de impostos, e na redução de emprego e ampliação da desigualdade social.

Dados atualizados e trazidos pelo vice-presidente de Integração da Entidade, Rafael Goelzer, dos 1711 casos registrados pela Secretaria Estadual da Saúde, 969 estão curados do novo coronavírus. Embasado em termos técnicos e científicos, chancelados pelas autoridades sanitárias, Goelzer afirmou que “atualmente 151 municípios registraram a doença, alguns sequer caso ativo possui. Desse total, 119 contabilizam até 10 pessoas infectadas. A utilização de leitos de UTI, por acometidos pela doença, chega a 8,9%”, explicou.

Regiões Críticas

Caracterizada pelo Governo do Estado como regiões críticas, Norte, que tem Passo Fundo como cidade referência, utiliza menos UTIs que a região da Serra Gaúcha. Outro fator importante apresentado foi o resultado de testes feitos nas regiões de Lajeado, no Vale do Taquari e Passo Fundo. Dos 500 ensaios, nenhum detectou a presença da doença.

Regras mais duras foram adotadas em Carazinho, onde o uso compulsório das máscara começa a valer nesta terça (05/05) e, segundo o prefeito Marco Antonio Silva”o munícipe que não usar será multado. É uma questão de consciência e respeito coletivo”, disse. Ele também criticou a adoção do novo plano de contenção ao coronavírus, no eixo Passo Fundo – Lajeado. Na visão dele “99% das cidades dessa faixa criada pelo Governo do Estado não terão nenhum caso, porém o Poder Público engloba tudo, independente da situação individual cidade por cidade”, afirmou. Outra informação trazida pelo prefeito é que a região ganha a partir desta terça (05), 6 leitos tipo UTI, oriundos de recursos entre o setor público e produtiva da região, serão instalados no Hospital de Caridade de Carazinho.

Para o vice-presidente Regional, Marco Antonio Silva “Passo Fundo possui um polo de saúde, composto por complexos hospitalares, policlínicas e redes ampliadas antes do vírus. Não pode paralisar uma região por causa de uma situação dentro de uma planta frigorífica e de uma casa geriátrica”,disse. Segundo dados apresentados, de 3 a 5% dos CNPJ da região deverão ser encerados e o impacto disso pode variar de 40 a 60% na arrecadação tributária.

Luiz Francisco Schmidt, prefeito de Erechim, explicou o planejamento estratégico da cidade no combate a pandemia, desde quando o vírus estava do outro lado do mundo, na China. A principal cidade da região se preparou com a transformação de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) em centros de referência e controle ao COVID-19, uma exclusiva para gestantes e outra para população em geral. O prefeito destacou a força-tarefa feitas pelos Poderes locais, mas alertou que “falta consciência e educação do povo. Noção de senso comum. Isso é uma questão cultural que precisa ser modificada”, afirmou Schmidt, que acrescentou “não é momento de proselitismo político. É unidade coletiva”.

Atenta aos relatos das autoridades e dos demais, a presidente da Federasul, Simone Leite, lembrou de muitas histórias semelhantes. “Acompanhei em Canoas algumas famílias assistidas por um programa social ao qual minha empresa contribui. Eu vi geladeiras vazias e pessoas honestas desempregadas, sem perspectiva de receber um centavo do governo”, explicou. E, num desabafo lembrou que “é muito fácil defender e condenar ações quando se trabalha na frente de um computador e resguardado pela estabilidade salarial. Conosco [empreendedores] e aos nosso colaboradores, a situação é diferente. Trabalhamos pela subsistência e para custear essa obesa máquina pública, e o Ministério Público, que no papel conhece  realidade, mas que na prática nem perto chega, assim, fazem um verdadeiro desserviço à sociedade e à classe produtiva”. Ela finalizou dizendo “empreender não é apenas um chamado ou ato de fé, mas um ato de resiliência”.

A Federasul enviará ao Palácio Piratini um ofício com dados científicos e embasados na ciência, tentando flexibilizar a reabertura do comércio, desde que mantendo os protocolos sanitários (uso de máscaras, álcool gel, lavagem de mãos e etiqueta respiratória)

 

Algumas atitudes tomadas em todas as regiões:

Uso de vinhetas e carros de som informando a população e conscientizando sobre o vírus;

Campanhas de estímulo ao consumo local;

Auxilio à linhas de crédito junto aos bancos;

Fundos emergenciais para os hospitais

Assessoria jurídica às empresas

PUBLICADO EM: 4 de maio de 2020