FEDERASUL defende a reformulação de sete pontos para o sistema estadual de restrições

Já foram realizadas sete reuniões com 21 regiões do Estado com a participação de mais de 380 lideranças com o objetivo de promover uma construção coletiva

No segundo dia das reuniões regionais que buscam informações para que a Federasul possa, baseada em dados, construir uma solução, junto ao governo gaúcho, para o problema do Distanciamento Controlado, participaram dos encontros remotos líderes empresariais e deputados das regionais Médio Alto Uruguai, Produção, Norte, Alto Jacuí/Botucaraí, Litoral, Serra, Hortênsias/Nordeste, Centro-Sul, Fronteira Oeste e Central. A entidade defende um consenso para a avançar e superar os problemas do Plano de Distanciamento do Estado que contemple proteção à saúde e à economia.

Os encontros regionais foram mediados pelo vice-presidente de Integração, Rafael Goelzer com a participação da presidente, Simone Leite. A presidente destacou que “temos 90% de convergência com o governo, mas precisamos dialogar sobre os 10% que estão levando o Rio Grande a ruína”.  Desde segunda (20) já foram promovidos sete reuniões remotas marcadas por um debate e construção de ideias que visam o bem estar socioeconômico do Rio Grande do Sul.

Reunião Regional – Médio Alto Uruguai, Produção, Norte, Alto Jacuí/Botucaraí – FOTO: REPRODUÇÃO/ZOOM

A FEDERASUL reforça que o Plano de Distanciamento Controlado é positivo como ferramenta, mas seu método e formato precisam ser reformulados. A entidade defende a reformulação de sete pontos nos protocolos do modelo estadual de restrições: 1) Profilaxia (adoção do tratamento precoce); 2) Participação do setor produtivo no comitê que define as bandeiras restritivas; 3) Autonomia dos prefeitos; 4) Bandeiras como gatilho de ação, não apenas de fechamento de atividades; 5) Indicadores socioeconômicos por bandeira; 6) Alteração de indicadores considerados deturpadores do Plano e 7) Testagem e rastreamento de casos.

Ajustes

A deputada Silvana Covatti participou da primeira reunião do segundo dia dos encontros. Ela disse que todos pagam caro pelo isolamento. “Acredito e defendo que, juntos, o momento requer união dos esforços da classe produtiva em prol da manutenção da economia gaúcha”.  

O deputado Dirceu Franciscon falou sobre a necessidade da retomada gradual das atividades e disse que defende a autonomia dos prefeitos “quem conhece a situação local”, ilustrou. Participante assíduo dos encontros regionais, o deputado Edson Brum renovou suas críticas. Disse que “o uso das bandeiras não surtiu efeito positivo” lembrando que “é descabido e inaceitável que uma regra valha para todo Estado quando cada região tem sua particularidade e precisa ser levado em conta”, concluiu.

Reunião Regional – Litoral – FOTO: REPRODUÇÃO/ZOOM

Na mesma linha, o ex-ministro da Saúde e atual deputado federal, Osmar Terra, defendeu sua opinião em relação ao Distanciamento Controlado dizendo que “o governo fechou tudo e nada adiantou”. Terra comparou a COVID-19 com outros grandes surtos, como a H1N1, por exemplo, onde a adoção do protocolo de combate foi completamente diferente.

Nesse contexto do histórico de surtos epidemiológicos, o vice-presidente Rafael Goelzer, trouxe dados comparativos com 2019. No mesmo período (20/07/2019 e 20/07/2020) a capital gaúcha registrava uma média de espera por leitos de UTI, de 26 horas. Hoje, mesmo com a pandemia, os números reduziram para 13h, um decréscimo de 50% no tempo.

O contraditório também ganhou espaço. Entre as autoridades presentes, o prefeito de Erechim, Luiz Francisco Schmidt, discordou dos demais participantes. “Vejo muita conversa e pouca proposta. Somos todos palpiteiros”, disse. Goelzer lembrou ao prefeito as propostas encaminhadas pela entidade de  alteração e aperfeiçoamento ao Plano, endereçadas pela FEDERASUL ao Palácio Piratini.

POLÍTICA REGIONAL

No começo da tarde, a reunião com a região do litoral reuniu os  parlamentares como Alceu Moreira e Gabriel Souza, prefeitos e membros de Entidades filiadas à FEDERASUL. Eles defenderam a adoção de uma política mais regionalizada e que se aproxime da realidade. O deputado Gabriel Souza, afirmou que o modelo regido pelas bandeiras “não existe mais” e disse que “caiu a tese de que ele era imune à pressões políticas. Muitas falhas técnicas e científicas comprometaram e ruiram com esta plataforma. Se confirmou o que muitos já vinham falando: não há ciência neste plano”, sentenciou.

Já o deputado-federal, Alceu Moreira, explicou que o plano deve se ater a ao que se chama Lei do Risco e Perigo. De acordo com ele “é impossível aceitar que uma revenda de carros esteja fechada, e uma farmácia ou supermercado operando com todo o vapor. Existe um gravíssimo equívoco neste sistema, esse é um deles”, afirmou.

Reunião Regional – Serra, Hortênsias/Nordeste – FOTO: REPRODUÇÃO/ZOOM

Para o prefeito de Torres, Carlos Souza, outras alternativas precisam ser inclusas dentro do Plano Regional. Ele disse que “engana-se quem pensa que economia e saúde não estão associadas. O interesse do empreendedor é receber seus clientes com segurança, e isso é feito em nosso comércio”, disse. Participaram do segundo encontro regional do dia representantes de Tramandaí, Capivari do Sul, Palmares do Sul e Santo Antonio da Patrulha.

A penúltima reunião da série de encontros começados ontem ouviu lideranças da Serra Gaúcha e Nordeste do Estado. Assim como as demais localidades, ficou registrado o descontentamento com o Plano de Distanciamento Controlado e a defesa de modificações no sistema.  A ideia de que as políticas de restrição e de combate ao coronavírus devem passar pelo crivo dos prefeitos, ganhou  coro por parte das lideranças presentes na conference call.

A terça (21) encerrou com as manifestações das regiões Sul e Campanha, Centro-Sul, Fronteira-Oeste e Central. A Federasul, realizando estas reuniões, ouviu todo o Estado, em dois dias e conseguiu traçar um cenário com os diferentes olhares captados nos encontros.

O presidente da Assembleia, Ernani Polo, deixou claro a necessidade de mudar alguns protocolos para evitar o fechamento da economia. “Estamos preocupados com as consequências deste fechamento desde março”. Em sintonia, o deputado Ruy Irigaray lembrou que a solução do problema é a retomada das atividades, com todo cuidado e precaução e disse que “poder público deve preparar o atendimento para quem precisa”, disse.

O deputado Luis Augusto Lara falou sobre o exemplo do Uruguai e Canadá, que controlaram o coronavírus com a economia funcionando. Ele disse que sente que o governador Eduardo Leite está “flexível” e, otimista, fez uma previsão de que no próximo mês, “em agosto, vamos estar trabalhando a 80% da carga”.

Totalmente contra o Plano de Distanciamento Controlado, o deputado Ten. Cel. Zucco lembrou os danos da política de distanciamento controlado na saúde dizendo que “70% das cirurgias de oncologia foram canceladas” o que representa vidas em perigo pela falta de tratamento. “O governo precisa tratar do coronavírus como uma guerra”.

O deputado Fábio Branco, disse que está pronto para ajudar porque é contra o modelo atual das bandeiras e, alinhado com os posicionamentos, defendeu a abertura da economia. Se disse preocupado com a delegação das decisões aos prefeitos por causa do Ministério Público. “Tenho receio que essa decisão possa ser prejudicial ao gestor público”.

Reunião Regional Sul/Campanha, Centro Sul, Fronteira Oeste e Central – FOTO: REPRODUÇÃO/ZOOM

O empresário Deonir Martini (ramo da papelaria em Alegrete) relatou sua experiência de vida de fechar depois de abrir. Uma loja de 1.300 metros quadrados não podia abrir. ”Não podemos ficar longe de uma mesa de negociação onde as decisões são tomadas”, desabafou.  

O prefeito Vinicius Pegoraro, de Canguçu, narrou a experiência de sua cidade e disse que o fechamento fez com que o município perdesse muito seu poder de adotar seu plano estratégico para o combate ao coronavírus, baseados nas orientações do Ministério da Saúde. “Os municípios precisam ter mais autonomia” concluiu. A queda da arrecadação em Canguçu foi de 38%.

PUBLICADO EM: 21 de julho de 2020