Experiências inovadoras para melhorar o futuro das cidades

Foi dada a largada para a primeira edição da Aceleradora de Gestores Públicos, evento vanguardista promovido pela FEDERASUL, que ocorre entre hoje (30) e amanhã (1º). Em seus dois primeiros painéis, cases de sucesso e atividades sobre inovação e disrupção envolveram o público composto por prefeitos, secretários e empresários.

         O presidente da FEDERASUL abriu o evento destacando a importância da inovação para o desenvolvimento de todos. “O mundo está em constante evolução. Como eu posso usar as melhores experiências em gestão pública para melhorar o bem comum?”, destacou.

O coordenador da Divisão de Cidades Inteligentes da FEDERASUL, Rafael Bechelin, explicou o conceito de smart cities e destacou a importância das novas tecnologias no dia a dia das pessoas. No entanto, segundo Bechelin, o conceito vai além. “Cidades inteligentes não são só cidades tecnológicos, mas uma cidade que se gostaria de viver, de criar os filhos e de envelhecer”.

O secretário de Desenvolvimento de Panambi, Rafael Oliveira, também falou na abertura do evento, demonstrando o case que vem desenvolvendo em sua cidade. Ele destacou que o empreendedorismo não se desconecta com a vida pública. “A nossa luta como gestor público também tem que ser nossa luta como empresário”, destacou Oliveira. Ele também falou da capacidade de resiliência que função exige, dada “a dificuldade de lidar com necessidades imediatas mas com olhar para o futuro”. 

Experiências de inovação

O módulo inicial do evento contou com a troca de experiências e cases de sucesso de líderes. A primeira a participar foi a presidente da Procempa, Letícia Battistela. Ela fez uma apresentação sobre a atividade da empresa pública. “Desde a marcação de uma consulta de pré-natal até uma matrícula de escola e abrir uma empresa, tudo passa pelo processamento de dados que é feito pela empresa”, explicou.

Logo após, o diretor da Mobi Caxias, Rogerio Rodrigues, e o membro da CIC Bento Gonçalves, Vinícius Piva, fizeram uma dinâmica conjunta que envolveu uma atividade de conhecimento entre os presentes e uma fala sobre cultura de inovação. “A troca de experiências, de conhecimentos é fundamental. Todos nós sairemos daqui e pensaremos em cidades inteligentes, em inovação, não mais em um ponto inicial”, destacou Piva.

Rodrigues falou sobre as novas tecnologias e os impactos delas na vida de todos, ressaltando a necessidade de se pensar nas pessoas em um mundo conectado. No entanto, para o diretor da Mobi Caxias, inovação vai além. “Cidades inteligentes são feitas por cidadãos inteligentes. E para isso é preciso educação”, afirmou.

 

Desburocratização e Inovação em pauta

Prefeito de POA em exercício, Ricardo Gomes, palestrou sobre regulamentação

Seguindo o primeiro dia da 1º edição da Aceleradora de Gestores Públicos, promovida pela FEDERASUL, ocorreu o módulo Ambiente Regulatório. Na atividade, o prefeito de Porto Alegre em exercício, Ricardo Gomes, e o consultor Alexandre Baraldi Tonin, do Sebrae, falaram sobre desburocratização e inovação nas cidades.  

Gomes defendeu que inovação na gestão está ligada com a desburocratização na legislação que afeta diretamente o dia a dia das pessoas. “Revogar uma lei que não se aplica não muda a vida de ninguém”. Para o político, não há inovação sem retirar empecilhos para que o cidadão tenha acesso ao que preciso de maneira mais célere. “Desburocratização é importante, como a extinção de regulações desnecessárias, facilitação para obtenção de documentos, como alvarás, e inovação de processos para obtenção de certificações”, explicou.

Já o consultor Alexandre Tonin defendeu que “Investir em inovação são projetos de médio e longo prazo”, sendo necessário “vontade e união de esforços entre Estado, empresários e Academia”. Ele também destacou a importância de se criar um “ecossistema de inovação” nas cidades, lembrando a experiência feita em Ijuí, Impulsa Ijuí . “Nós temos que ter claro essas entidades trabalhando em conjunto, hoje, amanhã e depois. Projetos de curto, médio e longo prazo”. Para isso, Tonin reforçou que esse processo também precisa de desburocratização.

Compartilhamento e diálogo amplificam as ações inovadoras

Exemplos de atitudes que deram resultado pela boa governança

O prefeito de Restinga Seca, Paulo Salerno, que presidiu a Famurs relatou que em sua gestão na entidade deu início a um trabalho de integração entre os municípios sugerindo que começassem a incorporar iniciativas inovadoras em suas administrações. “Hoje temos muitos bons exemplos que foram replicados e que vem impactando positivamente as comunidades. Precisamos trabalhar juntos formando parcerias entre o poder público, iniciativa privada e universidades para manter esses processos permanentemente”, afirmou.   

 

Em seguida, no módulo Matriz Swot nos Municípios, o painelista foi Santiago Andreuzza, do Centro de Formação Executiva com foco em lideranças e inovação. Swot é uma sigla em inglês para uma técnica usada para identificar forças, oportunidades, fraquezas e ameaças com o intuito de desenvolver um plano estratégico. Ele disse que o eixo central da inovação está em entender desafios, detectar oportunidades e gerar clareza. Que um dos maiores desafios da atualidade é ter clareza ao buscar novas formas de fazer as mesmas coisas.

  Para ele o foco está nos aprendizados das situações vivenciadas. Sugeriu que as pessoas não se abatam com limitações, procurando ter sempre um olhar mais positivo. Organizou também uma dinâmica com os participantes onde propôs que apontassem seus pontos fortes e fracos, indicando o que pode ser feito para potencializar oportunidades e prosperidade em suas vidas.

O CEO do Instituto Caldeira, Pedro Valério falou sobre Governança para Inovação. Relatou que o Instituto possui 450 empresas associadas, entre pequenas, médias e grandes, além do acompanhamento de cerca de 700 startups no RS desde a sua criação. Pelo Instituto circulam diariamente 1.600 pessoas. Destacou que o principal foco das lideranças está no diálogo e na busca das melhores práticas visando criar projetos que promovam o desenvolvimento das regiões.

Sob a perspectiva da governança, destacou a importância de ter uma visão de futuro, sensibilizando novos talentos e gerando oportunidades especialmente para os jovens promovendo encontros e trocas de experiências.

Sistema integrado

Dentro do mesmo tema, a professora da Universidade Feevale e Mentora de Negócios no Techpark, Carla Adam, disse que a governança da inovação é um sistema integrado que define e alinha propósito, objetivos, valores, políticas, prioriza processos, aloca recursos e atribui papeis e responsabilidade para estimular, direcionar e dar sustentação à inovação numa organização. 

Ela lembrou que as atividades de inovação ocorrem principalmente no ambiente da inovação que abrange várias organizações decorrentes do esforço intelectual de uma entidade inovadora, não dependendo exclusivamente de um único inventor. “A inovação é um processo contínuo que precisa ter como princípio a colaboração e o compartilhamento, além de efetividade nas metas estabelecidas”, assegurou. Relatou ainda as experiências em projetos de inovação desenvolvidas em alguns municípios gaúchos.

Estratégias

O último módulo da tarde abordou o tema Integração das Hélices. Eduardo Capellari, presidente da Atitus Educação, ressaltou que como as três esferas administrativas não conseguem implementar políticas públicas adequadas, deixa para a sociedade organizar iniciativas inovadoras. A falta da capacidade de investimento do Estado também contribuiu para agravar a situação.

Na sua avaliação, o Rio Grande do Sul viveu um ambiente político tenso nos últimos anos impedindo consenso estratégico na tomada de decisões. Afirmou que existem iniciativas em vários municípios do RS trabalhando para criar institutos semelhantes ao Caldeira. Para ele o grande desafio do gestor público atualmente é trabalhar para criar um ambiente adequado que gere oportunidades para jovens, numa tentativa de reverter trajetórias, tentando buscar novos talentos em outros Estados ou até mesmo trazendo de volta aqueles que se foram em busca de oportunidades. “O grande desafio do nosso Estado é formar lideranças com capacidade de diálogo que possibilitem costurar alianças que promovam ambiente propício para inovar e investir aqui”, finalizou.  

O coordenador da Divisão de Cidades Inteligentes da FEDERASUL, Rafael Bechelin destacou, em sua manifestação, cases de Medelin, Barcelona e Porto Alegre, com a criação do South Summit, que foram beneficiados com a união das hélices. Sugeriu a mobilização das lideranças municipais para concentrar esforços naquilo que pode gerar boas iniciativas para todos. “É hora de unir os olhares em torno de um objetivo comum”, complementou.

E, por último, Rogério Rodrigues, da MobiCaxias relatou a experiência do município com a governança colaborativa. Explicou que a metodologia de trabalho utilizada é a gestão dividida por áreas como infraestrutura, desenvolvimento, turismo e atração e retenção de investimentos. Todos trabalhando com o objetivo de promover benefícios para a sociedade.

PUBLICADO EM: 30 de novembro de 2023