Entidades Empresariais discutem a retomada pós-coronavírus

Encontro virtual entre FEDERASUL, FECOMÉRCIO e SINDILOJAS POA foi promovido pelo deputado estadual Tiago Simon

Vice-presidente Anderson Cardoso junto do deputado Tiago Simon(quanto superior direito) e os presidentes do Sindilojas, Paulo Kruse e da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn. FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Pela fanpage do parlamentar o tema Os Desafios do novo cenário para a retomada do comércio e serviços do RS”, reuniu o vice-presidente da FEDERASUL, Anderson Cardoso, os presidentes da FECOMÉRCIO, Luiz Carlos Bohn e do SINDILOJAS POA, Paulo Kruse.

Os convidados da live, foram unânimes ao afirmar que a crise econômica causada pelo novo coronavírus “já é a maior crise econômica e social da história moderna”. O debate foi dividido em três grandes eixos: Análise do Cenário; medidas (por partes das Entidades) e a “nova” economia pós-pandemia. O vice-presidente da FEDERASUL, Anderson Cardoso, salientou a gravidade e os reflexos que a paralisação das atividades econômicos causam e causarão ao Rio Grande do Sul. ”A manutenção das atividades produtivas não é um capricho ou uma visão fria do capitalismo, pelo contrário, ela tem como foco a preservação da própria vida”, afirmou.

Outro fato importante, ressaltado por Anderson, é o viés que é dado “o cenário é caótico e atinge a vida global, porém temos de olhar para soluções e não apenas para o problema. O mundo passa por uma profunda mudança da cultura tanto individual quanto coletiva”, disse.

Paulo Kruse, que comanda o Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre, fez duras críticas ao Poder Público, principalmente em questões que envolvem a falta de diálogo e da organização. ”Reconheço o papel do governador Eduardo Leite e do prefeito Nelson Marchezan, ambos sempre estiveram com as portas abertas para nos ouvir. Porém, há muitos anos o Brasil não possui gestão pública eficiente e o culpado disso somos nós, a sociedade”, explicou. O Decreto Estadual, em vigor há mais de 10 dias, caracterizado por “bandeiras” também sofreu críticas. ”Um gestor deve ter visão macro e não micro. Uma determinada região não pode ser totalmente fechada por um caso isolado em uma localidade sem representatividade econômica”, citou Kruse.

“Essa história de que estamos todos no mesmo barco é balela. A quarentena é desigual, basta olhar como que o funcionalismo público, não o professor, o policial e as equipes de saúde, mas os que detêm os grandes salários, enfrentam essa quarentena. Estamos na mesma tormenta, uns com “canoas” e outros com “navios” [estabilidade de emprego e renda]. Tem comerciários demitidos e passando fome e empresários vendendo estoque a preço de custo pra comprar o básico para sua família”, ilustrou Kruse, citando o caso de um empresário próximo dele.

Presidente da FECOMÉRCIO, Luiz Carlos Bohn, seguiu a mesma linha e criticou o Plano Estadual de Distanciamento Social. Segundo ele a variação da bandeira laranja para vermelha é muito tênue, visto que numa eventual modificação o comércio é totalmente fechado, se a região for caracterizada pela cor vermelha. ”Esse efeito sanfona de abrir e fechar comércio é prejudicial. Outra aberração é limitar o número de colaboradores. Ora, o vírus é o mesmo no mundo todo, não importa se é patrão ou empregado. Todos somos suscetíveis. Na Europa [Portugal], o comércio só fechou quando não havia mais clientes nas ruas, mas 30% foi mantido” criticou.

As moderadas ações por parte do Governo Federal também sofreram duras críticas. Para os debatedores o Brasil é um caos e cheio de insegurança jurídica. O Poder Público “errou”, no entendimento deles, na formatação das regras sanitárias, tendo o Carnaval agravado a situação.

No campo das ações, as Entidades defenderam um Protocolo de Saída, a postergação do pagamento de tributos, regra recomendada pela OCDE, concessão de crédito, principalmente Capital de Giro aos micros, pequenos e médios negócios, que são os mais afetados pela crise, além de um plano de comunicação que vise esclarecer a sociedade da real situação.

Ao fim do encontro, o deputado Tiago Simon foi informado pelo líder do governo na Assembleia Legislativa, Frederico Antunes (Progressistas/RS), de que o SEBRAE, via Banrisul, deve criar um fundo garantidor, que fiaria até 80% do valor do empréstimo junto ao Banco estadual. O presidente do Banrisul se comprometeu em levar o assunto para uma Reunião de Diretoria, ainda essa semana.

Além do Banrisul, os representantes cobraram a necessidade do fortalecimento do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul) e do Badesul (Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul), agências de fomento que pertencem ao Estado e que poderiam viabilizar linhas de crédito com spreed reduzido, diferente do que acontece em bancos privados.

Uma nova live está agendada para 15/07, e reunirá os mesmos painelistas, que vão avaliar o primeiro decreto que possibilitou a reabertura de algumas atividades no território gaúcho.  

PUBLICADO EM: 18 de maio de 2020