É o que dizem 72% dos CEOs segundo pesquisa feita pela KPMG que consultou 1.325 líderes e empresas com faturamento maior do que US$ 500 milhões de 11 países
As tendências econômicas como ESG, IA Generativa e geopolítica foram tema do Tá na Mesa, promovido pela FEDERASUL, nesta quarta-feira (4), no Palácio do Comércio, em Porto Alegre. O evento contou com a participação de Altair Antonio Toledo e Cristiano Seguecio, sócios da KPMG na Região Sul, Jonas Hoffmann, COO da Geo Marítima Intermodal e Cristiane Cunha, COO da Aeromot, que compartilharam suas análises sobre as perspectivas para 2025.
O destaque do encontro foi a apresentação dos dados do relatório KPMG CEOs Outlook 2024, que consultou 1.325 dirigentes de empresas com mais de US$ 500 milhões de receita anual, de 11 países. Segundo o levantamento, há otimismo entre as lideranças empresariais consultadas, das quais 72% acredita no crescimento da economia mundial em 2025.
Agradecimento
Abrindo o evento, o presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, destacou os desafios enfrentados pelo estado neste ano e a atuação da entidade em prol da sociedade gaúcha. “Foi um ano desafiador, que nos testou ao limite. Tivemos pautas propositivas, pautas reativas e fomos atingidos por uma tragédia sem precedentes”, afirmou, referindo-se às enchentes que abalaram o Rio Grande do Sul. Ele reforçou a importância da união através do associativismo, característica central da FEDERASUL.
Sousa Costa enfatizou que as conquistas da entidade, como as campanhas contra aumentos de impostos no estado, só foram possíveis graças ao apoio dos patrocinadores, membros e veículos de comunicação presentes. “Nosso trabalho enquanto sociedade civil não seria possível sem o jornalismo profissional e sem nossos parceiros”, declarou. Durante o evento, ele homenageou 36 empresas por suas contribuições à sociedade gaúcha, incluindo grupos de comunicação e lideranças empresariais.
Confira a lista dos homenageados clicando aqui.
Reforma
O sócio da KPMG, Altair Antonio Toledo, além de apresentar os dados do relatório KPMG 2024 CEO Outlook, falou sobre o impacto da reforma tributária para as empresas, a qual considera “inevitável”.
“É um processo que demandará envolvimento desde o setor contábil até o de TI”, afirmou. Ele criticou o modo como a reforma, que passará a entrar em vigor somente em 2026, foi conduzida pelo Ministério da Fazenda. “Desta forma, não resolve, porque não diminui o tamanho do Estado”, explicou. Ele também avaliou que, medidas recentes, como o pacote fiscal, aumentam impostos sem reduzir o tamanho do estado, ressaltando a importância de uma tributação mais justa sobre o consumo.
Geopolítica e desafios comerciais
O sócio da KPMG, Cristiano Seguecio, destacou a relação entre China e Estados Unidos como um ponto crítico na geopolítica global, apontando que isso pode beneficiar o Brasil em algumas áreas. Ele alertou também que, em um contexto onde o novo governo dos EUA se torne mais protecionista, a partir do novo mandato de Donald Trump. “Pode ser perigoso para o Brasil”, comentou.
Seguecio também analisou o impacto do alto valor do dólar, o que “favorece os exportadores”, mas aumenta os custos para as indústrias que dependem de insumos importados. “Esse cenário beneficia apenas um segmento específico e não é sustentável a longo prazo para toda a economia brasileira”, avalia.
Comentando os dados do relatório da KPMG, ele citou a gestão de talentos como lugar de destaque nas prioridades dos CEOs. A pesquisa revela um movimento em direção ao retorno ao trabalho presencial, com 83% dos líderes esperando essa mudança nos próximos três anos. Ao mesmo tempo, 80% reconhecem a importância de investir em desenvolvimento de habilidades para mitigar a escassez de mão de obra qualificada e garantir a competitividade futura.
Seguecio ainda chamou atenção para os desafios de implementação da inteligência artificial (IA), como questões éticas, falta de regulamentação e de habilidades técnicas. Ele reforçou que, apesar disso, a IA é uma prioridade estratégica para muitas empresas, com dois terços dos CEOs globais planejando investir nessa tecnologia independentemente das condições econômicas.
Cabotagem e retorno aos escritórios
O COO da Geo Marítima Intermodal, Jonas Hoffmann, apresentou as vantagens da cabotagem como uma solução logística mais econômica e sustentável. “A cabotagem pode reduzir em 20% a 30% os custos de transporte e diminui em cerca de 70% as emissões de CO₂ em comparação ao transporte rodoviário”, explicou Hoffmann, cuja empresa possui operações em várias cidades brasileiras, mas com sede em Porto Alegre.
Sobre o retorno ao trabalho presencial, Hoffmann defendeu o regime presencial como essencial para a eficiência. “Às vezes, um problema que poderia ser resolvido em uma conversa se perde no WhatsApp, o que reduz a produtividade”, afirmou. Ele acredita que o contato presencial é fundamental para operações logísticas que demandam agilidade e integração de equipes.
Hoffmann também destacou os impactos das enchentes no setor logístico, especialmente no Vale do Taquari, mas prevê recuperação gradual em 2025. Apesar das dificuldades, ele demonstrou otimismo quanto ao papel estratégico da cabotagem no fortalecimento do setor de transportes no Brasil.
Inovação e ESG
Mesmo após sua empresa ter sido duramente afetada pelas enchentes, tendo em vista sua localização no Aeroporto Salgado Filho, a COO da Aeromot, Cristiane Cunha, demonstrou otimismo para o futuro da empresa gaúcha. Neste sentido, demonstrou a resiliência e adaptação da companhia, que realocou demandas em outras localidades, como o Aeroporto de Pampulha, em Belo Horizonte.
Ainda que veja a insegurança jurídica e a carga tributária pesada, o horizonte apresentado por Cunha para a Aeromot é positivo. “A demanda por nossos serviços é crescente”, explicou.
Quanto a políticas de governança que envolvam ESG, Cristiane Cunha demonstrou o interesse da empresa na descarbonização. No entanto, ela acredita que não se pode inviabilizar os negócios e inibir o desenvolvimento, sendo necessário a viabilidade dessas práticas para cada negócio.
Sobre a volta do trabalho presencial, a executiva da Aeromot defendeu que há particularidades entre as empresas. “Eu vejo que a necessidade de voltar para os escritórios depende muito do tipo de negócio. As pessoas querem mais liberdade, algumas empresas admitem isso (trabalho homeoffice). No nosso negócio, por exemplo, isso não é possível, preciso dos meus mecânicos trabalhando presencialmente na manutenção dos aviões”, explicou.