Clima econômico na América Latina cai 5,3% no trimestre até abril

Entre os componentes do indicador, houve melhora na percepção sobre a situação atual, embora insuficiente para compensar a deterioração nas projeções futuras. O Índice de Situação Atual (ISA) subiu de 58 pontos para 60 pontos (+3,4%), enquanto o Índice de Expectativas (IE) recuou de 92 pontos para 82 pontos (-11%). “Observa-se que todos os indicadores encontram-se na zona desfavorável de clima econômico e a piora no IE preocupa, ao indicar uma possível piora no cenário para os próximos seis meses”, ressaltou a FGV, em nota.
Entre os 11 países alvos da pesquisa, dois apresentaram melhora no clima econômico: Argentina e Chile. Mantiveram-se estáveis Paraguai, Uruguai e Venezuela (este, no entanto, no patamar mínimo da pesquisa, aos 20 pontos). Apenas Paraguai e Chile registram indicadores na zona favorável, enquanto Peru e Uruguai estão na fronteira dos 100 pontos.
No Brasil, o ICE registrou recuo mais intenso, de 14%, passando de 57 pontos para 49 pontos entre as avaliações encerradas em janeiro e abril. O resultado foi determinado pela queda de 27% no ISA (para 22 pontos, quase o mínimo da pesquisa) e pelo recuo de 9,5% no IE (para 76 pontos). Em relação a abril de 2014, o ICE brasileiro recuou 31%.
Na América Latina, apenas os indicadores de Equador (46 pontos) e Venezuela (20 pontos) são piores do que o brasileiro. Além disso, o país é o penúltimo no ranking dos últimos quatro trimestres. Em nível mundial, o ICE avançou 3,8% e alcançou 110 pontos no trimestre até abril, de 106 pontos na leitura anterior. O desempenho foi puxado pela União Europeia.
“Apesar da melhora no ICE do Mundo, a previsão para o crescimento do produto mundial de 2015 foi revista para baixo. Era de 2,5%, na Sondagem Ifo de abril de 2014, e passou para 2,3% na de abril de 2015. Para a América Latina, o crescimento caiu de 2,3% para 1,3% no mesmo período”, diz a FGV.
A falta de confiança na política econômica, a inflação e o déficit público são, nesta ordem, as maiores preocupações de analistas em relação ao Brasil, de acordo com a Sondagem da América Latina, divulgada pela FGV/Ifo. A relevância destes quesitos para o cenário doméstico é inclusive superior à média de outros dez países da região.
Em uma escala que vai de 1 a 9, a falta de confiança na política econômica ficou com nota 7,8 no trimestre até abril de 2015. Quando mais alta é o valor atribuído, maior é a importância desse fator, explicou a FGV. Em igual período do ano passado, o indicador era de 7,7. A escalada começou em 2013, quando o quesito saltou para 5,3, de 3,1 no ano anterior. O resultado de 2015 é o maior desde pelo menos 2010.
Além disso, a preocupação com a inflação atingiu a nota de 7,7 no trimestre até abril deste ano, o maior desde 2011 (nota 7,8). O déficit público, por sua vez, ganhou nota 7,7 e também está entre os fatores “muito importantes”. O resultado da leitura anunciada hoje é o maior desde pelo menos 2010 e superou a nota do ano passado em 1,7 ponto.
“Falta de confiança na política do governo, inflação e déficit público ganham relevância no Brasil nos últimos três anos”, diz a FGV em nota. Na média de outros 10 países da América Latina, as notas são menores para todos os três fatores: falta de confiança na política econômica (6,2), inflação (3,7) e déficit público (4,7).
A falta de competitividade internacional, que é a principal preocupação entre os vizinhos latinos, segue sendo relevante no cenário brasileiro, mas vem perdendo espaço para as demais preocupações. Já a falta de mão de obra qualificada passou, neste ano, a ser um fator menos importante, segundo a sondagem.
A Sondagem Econômica da América Latina serve ao monitoramento e antecipação de tendências econômicas, com base em informações prestadas trimestralmente por especialistas nas economias de seus respectivos países. A pesquisa é aplicada com a mesma metodologia em todos os países da região. Para a edição até abril de 2015, foram consultados 1.092 especialistas em 115 países. Na América Latina, foram 140 analistas ouvidos. A escala oscila entre o mínimo de 20 pontos e o máximo de 180 pontos. Indicadores superiores a 100 estão na zona favorável e abaixo de 100 na zona desfavorável.

Fonte: Jornal do Comércio

PUBLICADO EM: 25 de maio de 2015