Nesta quinta-feira (12) a CIC Teutônia realizou a última edição do Almoço Empresarial de 2024. Tendo por local o Auditório 03 da entidade, o evento contou com palestra do economista-chefe do Sicredi, André Nunes de Nunes. Na ocasião ele destacou os principais indicadores da economia, o momento do ciclo econômico global e os seus reflexos na economia brasileira, além de cenários e perspectivas para os principais mercados, variáveis econômicas e financeiras.
Na abertura do evento o presidente da CIC, Renato Lauri Scheffler, valorizou a temática. “Empresários querem trabalhar, crescer e evoluir. Para que isso ocorra não podemos ficar presos às questões políticas, mas ficar atentos ao que está acontecendo no mercado e de que forma esses movimentos nos impactam”, disse, desejando um novo ano de realizações.
Indicadores econômicos
Nunes trouxe um panorama econômico global, nacional e estadual. Entre os indicadores apresentados, falou sobre a valorização da moeda americana. “O Dólar voltou a valorizar. A projeção da taxa de câmbio no fim de 2024 é de R$ 6,00, enquanto que a expectativa para o fim de 2025 é de R$ 5,60”, disse.
Acrescentou que, no curto prazo, a economia brasileira está aquecida, com crescimento em cerca de 3% e taxa de desemprego próxima da mínima histórica. “O risco está na aceleração da inflação, persistentemente acima da meta, e crescimento da dívida pública. O IPCA deve fechar 2024 e 2025 em 4,8%, e para o longo prazo, de 2026 e 2027, trabalhamos com IPCA abaixo de 3,5%”, enumerou.
O PIB brasileiro para o atual exercício é estimado em 3,3%, desacelerando para uma alta de 1,8% em 2025 e 2026. “O crescimento surpreende desde o fim da pandemia, mas a ociosidade está se esgotando e pressões inflacionárias aparecem”, afirmou, citando fatores estruturais e conjunturais para esse contexto: ciclo de reformas (trabalhista e previdenciária), concessões e privatizações, desenvolvimento do mercado de crédito privado, flexibilização da política monetária, mercado de trabalho aquecido e política fiscal expansionista.
A projeção da taxa básica de juros da economia brasileira é de no mínimo 14,25%, o que se apresenta como piso para 2025. “Essa taxa Selic mais elevada deve atenuar o crescimento da carteira de crédito. A inadimplência é ponto de atenção por conta do elevado endividamento e comprometimento da renda das famílias”, alertou Nunes.
Rio Grande do Sul
Para o Rio Grande do Sul, a projeção do PIB é de crescimento de 3% em 2025, ainda com a recuperação pós-inundações. “O Estado crescerá mais que o Brasil em 2025 pela base de comparação menor na indústria e nos serviços. Agropecuária pode ter desempenho um pouco mais fraco”, adiantou o economista.
Por outro lado, a taxa de desemprego, após pequena elevação no segundo trimestre, voltou a cair no RS, Porto Alegre e Região Metropolitana. “Passado o efeito das enchentes, o mercado de trabalho gaúcho deve seguir o ciclo econômico nacional, que aponta para uma pequena elevação da taxa de desemprego”, estimou.
Fatores decisivos
Encerrando sua apresentação, Nunes elencou os principais direcionadores do ciclo da economia brasileira, que começará a enfrentar mais dificuldades para manter o ritmo de crescimento tanto pelo lado da oferta (mercado de trabalho), quanto pelo lado da demanda (crédito, endividamento e commodities).
Mercado de trabalho sob pressão – taxa de desemprego baixa restringe oferta de mão de obra, principalmente a qualificada;
Renda e consumo resilientes – com taxa de desemprego baixa e quase 100 milhões de brasileiros no Cadastro Único, o consumo deve se manter aquecido;
Elevado endividamento – comprometimento da renda e inadimplência ainda não se recuperaram do último ciclo de alta de juros;
Estímulos fiscais e juros mais elevados – estímulo fiscal ainda elevado, mas menor do que em 2024. Um perfil de setor público com gastos mais elevados exige uma política monetária contracionista;
Setores de commodities em ciclo de baixa – Menor crescimento global e da China tem segurado preços de commodities. Atuação do governo dos EUA também deve ser de elevar oferta de petróleo.
Os Almoços Empresariais da CIC Teutônia em 2024 contaram com o patrocínio de Certel, Colégio Teutônia, Dinda Card, Fabricato Pré Moldados, Reinigend, Sicredi, Zart Supermercados e Univates, com o apoio de Grupo Popular.
TEXTO – Leandro Augusto Hamester